Câmara discute condições do gabião no Centro Sul e do trânsito no local

por Sabrina Costa Dias publicado 18/10/2023 17h08, última modificação 18/10/2023 17h08

Se por um lado a pavimentação da MG-760 trouxe benefícios, por outro, trouxe transtornos para Timóteo, especialmente aos moradores do Centro Sul. Isso porque o fluxo de veículos pesados aumentou consideravelmente na avenida Acesita - via que dá acesso à rodovia estadual - provocando fissuras, trincas e rachaduras nas residências.

Além de danificar as casas, um outro problema ainda mais sério ficou latente com a intensificação do fluxo de caminhões na principal via de acesso à rodovia estadual: a danificação do gabião (muro de arrimo, semelhante a um muro feito de pedras) e o consequente risco de desabamento das casas em seu entorno.

Para discutir a situação, a Câmara de Timóteo promoveu, na noite desta terça-feira (17/10), uma audiência pública, requerida pelo vereador Brinnel Tozatti, que contou com a participação maciça da população. Participaram do debate representantes do Executivo Municipal, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e da Associação de Moradores do Bairro Centro Sul, além dos vereadores Adriano Alvarenga, Nelinho Ribeiro, Vinicius Bim, Luiz Perdigão e Raimundinho.

Segurança

O risco de desabamento do gabião, construído no início da década de 80, foi um dos principais pontos debatidos na audiência. O vereador Brinell Tozatti questionou o Secretário de Obras, Sérgio Martins, sobre a segurança do gabião. “Estamos monitorando a situação. Os especialistas que lá estiveram nos últimos cinco anos disseram que é seguro, mas não podemos dizer com certeza se é, porque não temos os dados estruturais para analisar”, explicou o secretário.

Opinião compartilhada por Marques Valgas, da Defesa Civil. “Nós não temos um estudo que atesta que o gabião é 100% seguro. É uma situação que requer cuidado.  A gente sabe da situação e não nos furtamos da nossa obrigação. A defesa civil vai ao local pelo menos duas vezes por semana”, defendeu. Valgas acrescentou ainda que acompanha a situação do gabião desde 2011 e que, até hoje, não foi preciso interditar nenhum imóvel. “Sempre orientamos os moradores a procurarem o Corpo de Bombeiros ou a Defesa Civil caso escutem estalos ou percebam que as portas e janelas não estão se fechando normalmente bem como a observarem a evolução das rachaduras”, explicou. 

Conforme o Secretário de Obras, a Administração tem cobrado, junto ao DER (Departamento de Estradas e Rodagens), soluções definitivas para o problema, bem como, realizado ações para minimizar o peso no gabião. “Faremos mais uma intervenção, que consiste na limpeza na parte de cima do gabião. Também orientamos os moradores a diminuírem o sobrepeso no local, retirando vegetação como bambuzais e bananeiras”, acrescentou. Martins disse ainda que outras medidas foram tomadas pela Prefeitura, tais como melhoria na pavimentação e instalação de quebra-molas no local, para diminuir a velocidade dos caminhões.

Insegurança

Também presente na audiência, o presidente da Associação de Moradores do Bairro Centro Sul, João Henrique de Assis, disse que a situação causa muita insegurança aos moradores da localidade, que temem, a qualquer momento, a ocorrência de uma tragédia. “Os moradores têm sido muito ativos e cobram, constantemente, soluções que sejam efetivas. Eles sempre perguntam o porquê de não haver nenhum projeto que resolva a situação naquele local se o problema é antigo. A gestão municipal não sabe se o gabião é seguro. Como nós, moradores, podemos ficar tranquilos? A Defesa Civil visita as casas, interdita parte da residência, o morador deixa de usar aquela área e fica por isso mesmo.  Até quando viveremos de ações paliativas?”, questionou.

Proibição

Com o intuito de minimizar os danos causados pelo intenso fluxo de veículos no local, o Executivo Municipal editou um decreto proibindo caminhões acima de 45 toneladas de trafegarem no bairro Ana Rita. “Estamos atentos à situação do gabião, mas podemos tomar apenas as medidas que competem ao município. O decreto é uma forma de conter o avanço do problema, já que nossa cidade não foi projetada para receber este tráfego pesado”, pontuou Fabrício Araújo, Procurador Geral de Timóteo.

Para o vereador Vinicius Bim, o decreto foi editado de forma equivocada. “É importante para não agravar ainda mais a situação, contudo, não há nenhum cálculo ou laudo pericial que garanta que é seguro o trânsito de  veículos até 45 toneladas naquele trecho. Esse limite está muito acima do normal para este tipo de via”, defendeu.

Encaminhamentos

Da audiência pública foram retirados alguns encaminhamentos, dentre os quais se destaca a urgente alteração do decreto que limita o tráfego de veículos no bairro Ana Rita.  “Vamos solicitar ao Executivo que o decreto seja revisto. A limitação de tráfego tem que ser maior, tem que atingir veículos com menos de 45 toneladas, uma vez que o problema é muito grave. Também vamos pedir que seja feita uma perícia para apontar se o gabião é seguro ou não”, ponderou Brinnel Tozatti. Para ele, a solução definitiva é a construção do anel rodoviário para ligar Cava Grande à BR 381. Entretanto, a previsão é que as obras tenham início somente em 2025.